ATA DA DÉCIMA REUNIÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 07-7-2011.

 

 


Aos sete dias do mês de julho do ano de dois mil e onze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores Adeli Sell, DJ Cassiá, Dr. Raul Torelly, João Antonio Dib, Maria Celeste, Mauro Pinheiro, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e Toni Proença, titulares. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Reunião, compareceram o vereador Airto Ferronato e a vereadora Sofia Cavedon, titulares, e o vereador Sebastião Melo, não titular. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofício nº 332/11, do senhor Humberto Miranda Cardoso, Diretor de Gestão Interna da Secretaria Executiva do Ministério da Cultura; Comunicados nos 23930 e 49915/11, do senhor Daniel Silva Balaban, Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. Durante a Reunião, deixaram de ser votadas as Atas da Primeira, Segunda, Terceira, Quarta, Sexta, Sétima e Oitava Reuniões Ordinárias e a Ata Declaratória da Quinta Reunião Ordinária. Em COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se os vereadores Toni Proença, Adeli Sell, Dr. Raul Torelly, Maria Celeste, João Antonio Dib, DJ Cassiá, Pedro Ruas, Sofia Cavedon, Mauro Pinheiro e Reginaldo Pujol. Na oportunidade, em face de Questões de Ordem formuladas pelos vereadores Pedro Ruas e Reginaldo Pujol, o senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca das normas regimentais relativas ao pronunciamento dos senhores vereadores no período de Comunicações. Às onze horas e sete minutos, a senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos, convocando os senhores vereadores para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pela vereadora Sofia Cavedon e pelos vereadores DJ Cassiá e Toni Proença e secretariados pelo vereador Toni Proença. Do que foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada pelo senhor 1º Secretário e pela senhora Presidenta.

 

 


O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para um Requerimento.

 

O SR. PEDRO RUAS (Questão de Ordem): Consulto V. Exª - na verdade, é uma consulta e Requerimento - se nós poderíamos, em alguns momentos, transpor o tempo. É um Requerimento que faço. Digamos que, se o próximo for eu - não sei se é -, eu posso aguardar um pouco mais?

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Pode, Vereador.

O Ver. Toni Proença está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. TONI PROENÇA: Sr. Presidente, Ver. DJ Cassiá; Sras Vereadores, Srs. Vereadores; senhoras e senhores, eu vou aproveitar os meus cinco minutos em Comunicações, nesta primeira Reunião da Comissão Representativa do recesso de julho de 2011, para tratar de dois assuntos. Um deles é um assunto que entusiasma, que são as reuniões do grupo de trabalho determinado pelo Prefeito para a construção do Plano Municipal do Livro e Leitura. Esse grupo, além das reuniões ordinárias, também está fazendo oitivas na comunidade, Ver. Pedro Ruas. E nós, ontem, no Colégio São José do Murialdo, fizemos a oitiva do Partenon. Foi a terceira de uma série de oitivas regionais que faremos, e quatro temáticas serão feitas nos quatro eixos determinados pelo Plano Nacional de Incentivo à Leitura.

Na oitiva de ontem, estávamos presentes eu e a Verª Fernanda Melchionna, Presidente da Frente Parlamentar e que faz parte do grupo de trabalho, a Secretaria de Educação, a PROCEMPA, entidades da sociedade civil, o Sindicato dos Bibliotecários e muitos e muitos jovens. Era impressionante; 90% do plenário era constituído por jovens! O interesse dos jovens pelo assunto, pelo debate, as suas sugestões e as suas propostas entusiasmaram, e, mesmo com o frio, nós ficamos lá até quase 10h da noite, todo o mundo entusiasmado, participando muito.

Eu creio que o Plano será construído com a participação efetiva de toda a comunidade e, mais do que isso, com a opinião, a proposta, a sugestão e o sentimento da população de Porto Alegre.

Nas outras oitivas, nós tivemos um público mais experiente, de gente com um pouco mais de idade, e nesta foi a juventude. E assim vamos indo, e vamos cumprir, até a metade da semana que vem, as oito oitivas regionais e entrar nos debates temáticos.

O segundo assunto de hoje - Ver. Adeli, Verª Maria Celeste, que têm caminhado comigo nos bolsões de miséria desta Cidade, Ver. João Antonio Dib - foi tema de um artigo de minha autoria que o Jornal do Comércio publicou ontem. Porto Alegre tem hoje cerca de 190 focos de miséria extrema, pobreza absoluta, situação degradante e desumana. Nós não podemos mais conviver com isso. Isso não é esforço só de um governo, de um Parlamento; isso tem que ser esforço de toda a sociedade - eu disse ontem no meu artigo. Nós temos que somar a energia dos governos, das instituições, das entidades, da sociedade; na verdade, firmar um pacto para enfrentar essa situação de abandono e miséria que milhares de porto-alegrenses enfrentam.

Nos dias de frio, como os que temos passado neste inverno que recém se inicia, essa situação piora, e muito. Nós temos sub-habitações, gente sem renda nenhuma em condições indignas e desumanas; não sei quantos conseguirão atravessar o inverno sem contrair alguma moléstia ou até mesmo sem botar em risco a sua própria vida. Programas de renda, programas sociais ajudam muito, são bem-vindos, mas são paliativos, Ver. DJ. Na verdade, precisa-se de um enfrentamento forte, de uma ação de governo, de um pacto da sociedade para enfrentar essa situação; Porto Alegre não pode conviver com isso.

Nós temos agora um evento importante, que está gerando boas oportunidades para a Cidade se desenvolver, para a Cidade atacar velhos problemas, mas esse problema não é de programas de transferência de renda, programas de capacitação; isso é tudo muito bem-vindo, mas temos que firmar um grande pacto na Cidade para enfrentar esse problema de frente, uma ação de Estado, uma ação da sociedade civil, que enfrente e resolva esse problema. Isso é o que precisamos fazer, porque essas pessoas não têm com quem contar. Se não contarem com o conjunto da sociedade, das instituições, com o Estado brasileiro, elas, certamente, não superarão a situação de miséria em que se encontram.

Por isso, conclamo os Vereadores, a cidade de Porto Alegre, a população, as instituições, os governos, para enfrentarmos isso de alguma maneira, e essa maneira é fazendo um esforço muito grande para apoiar essas pessoas.

 

O Sr. Pedro Ruas: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ouço com atenção o pronunciamento de Vossa Excelência. Eu comentava com a Verª Celeste sobre a importância do tema. A Verª Celeste me lembrava de vários pontos, talvez sejam mais de 190, Ver. Toni, e isso é alarmante. E eu ia dizer: e o que fazer? Cada um tem as suas ideias, mas um dos dados que também levantava a Verª Celeste - e eu trago aqui, me pareceu muito importante - é que nós temos alguns milhões de reais do Governo Federal que poderiam estar sendo utilizados no combate a essa miséria absoluta e, por falta de projetos, não estão sendo. Quem sabe nós podemos fazer aqui um tipo de comissão, mesmo informal, para verificarmos que programas do Governo Federal poderiam ser aplicados imediatamente na Capital para que pudéssemos auxiliar o Executivo ou exigir projetos nesse sentido. Parabéns pelo pronunciamento.

 

O SR. TONI PROENÇA: Obrigado pelo seu aparte sempre muito pertinente, Ver. Pedro Ruas. O Vereador tem razão.

A Vereadora-Presidente desta Casa, Sofia Cavedon, propôs, e há um Requerimento tramitando na Casa sobre a criação da Frente Parlamentar de Enfrentamento da Miséria. A Verª Celeste me sugeriu outro dia, quando conversávamos sobre o assunto, que a gente constituísse um comitê da Cidade, um comitê de Porto Alegre para enfrentar isso.

Eu acho que temos que debater isto, Ver. Pedro Ruas, ver onde estão as fontes de financiamento, ver quem pode ajudar, buscar a energia civil da sociedade, dos empresários de Porto Alegre. Nós não podemos mais conviver com isso, sob pena de nos tornarmos insensíveis, e esta é a palavra certa. Quem não se esforçar para atuar nesse sentido pode ser tachado de insensível, de desumano, porque a condição em que essas pessoas vivem não será resolvida por um programa de governo; vai ajudar, mas não vai, definitivamente, tirá-los da condição de miséria absoluta. Conto com todos vocês para que enfrentemos isso.

Gosto da ideia da Verª Maria Celeste: um comitê da cidadania de Porto Alegre, um comitê da Cidade, para enfrentar esse problema. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Eu quero usar a faculdade que V. Exª já abriu, consultado pelo Ver. Pedro Ruas, e quero ficar para o final. Eu estou aguardando um documento que vai me chegar às mãos, sobre o qual eu quero me manifestar posteriormente. Eu quero que me assegure, para ser cumprido ao final.

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Pedro Ruas está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. PEDRO RUAS: Eu aceito o pedido do Ver. Reginaldo Pujol, mas eu já havia feito, por motivos semelhantes ao do Vereador, uma troca com o Ver. Adeli Sell.

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Adeli Sell está com a palavra em Comunicações, por transposição de tempo do Ver. Pedro Ruas.

 

O SR. ADELI SELL: Minha saudação aos colegas Vereadores e Vereadoras. Eu me obrigo a falar, mais uma vez, Ver. João Dib, sobre a selvageria do trânsito em Porto Alegre, sobre a efetiva falta de fiscalização e de um projeto de educação para o trânsito. Amanhã, pela manhã, estarei na EPTC, numa audiência com um dos responsáveis pela fiscalização, Tarciso Kasper, para fazer essa discussão.

Leio nos jornais de hoje, também, um conjunto de iniciativas da EPTC nesse sentido. Fico feliz, Ver. Pujol, que a EPTC tenha se dignado de me remeter um longuíssimo e-mail a respeito de todas as questões que tenho levantado sobre a circulação e o transporte na cidade de Porto Alegre, mas o exemplo tem que ser dado pela EPTC.

Nesta semana - pasmem, senhoras e senhores -, um carro da EPTC ficou sem gasolina em frente à entrada do prédio do Corpo de Bombeiros, trancando a saída de veículos. Isso é inaceitável, é intolerável! Primeiro, porque todo o mundo sabe que a parada seca é multa na certa, ou seja, o “azulzinho” deveria ter multado a si próprio! Se ele fizesse, de fato, uso da sua prerrogativa, ele deveria ter aplicado uma multa a si mesmo. E se ele não o fez é porque está prevaricando - é isso mesmo! Então, eu quero saber o que aconteceu e por que aconteceu.

Mais grave do que isso é o que acontece todos os dias atrás da Prefeitura. Há duas placas naquele local: uma para os carros oficiais do Prefeito, e outra para os carros dos Vereadores. Todo o santo dia, a qualquer hora, o Vereador tem audiência no Paço Municipal, na Secretaria da Fazenda, na PGM. Já foi colocada a placa lá para que o Vereador possa acessar rapidamente o Poder Público Municipal, porque somos fiscais, mas não adianta a placa, porque ninguém a observa. Inclusive carros da Prefeitura são estacionados no lugar do carro do Vereador, e os “azuizinhos” não aplicam multa. Eles dizem: “Eu não posso, você quer me arrumar um rolo”. Não, eu não quero arrumar um rolo; eu quero que a lei seja aplicada para todo o mundo! Não tem distinção, carro do Prefeito, da primeira-dama, do Ver. Adeli, do Ver. Dib, do Ver. Pujol, seja de quem for! Nós somos cidadãos e estamos submetidos a toda e qualquer lei como qualquer cidadão, não há privilégios. Então, o estacionamento atrás da Prefeitura é um faz de conta, e os “azuizinhos” não estão fazendo o seu papel; ficam sem gasolina na entrada do Corpo de Bombeiros de Porto Alegre! Depois dessa, não é preciso explicar mais nada.

Dias atrás, percorrendo várias ruas da Cidade - e, hoje em dia, com os novos meios de comunicação e as novas mídias -, eu fiquei acompanhando os problemas de trânsito e remetendo um twit imediatamente para o twitter da EPTC. Primeiro, não recebo retorno. A única vez que recebi retorno foi para me achincalhar. Eu sou Vereador, estou avisando a EPTC. Esta Casa tem 36 Vereadores. A minha parte eu estou fazendo. Não é para achincalhar a EPTC, é para ajudar a EPTC a ser, de fato, uma empresa digna deste nome, Empresa Pública de Transporte e Circulação, porque, depois da passagem do Senna pela EPTC, nós sabemos que não sobrou nada - terra arrasada tem que ser reconstruída! E aqui está um Vereador que quer ajudar a EPTC a se reconstruir com dignidade.

O Ver. Dib sabe, já foi Secretário Municipal de Transportes em outros tempos, é verdade, com menos carros, e já havia problemas de outras ordens, de outras magnitudes, mas hoje nós temos uma selvageria no trânsito de Porto Alegre. Recentemente, participei de um debate no hotel Plaza, bancado pela Revista Voto, e disse e vou repetir aqui: não existe fiscalização e educação de trânsito efetiva na cidade de Porto Alegre. Nós temos alguns diligentes agentes de trânsito que vão às escolas. Tudo bem. Isso é meritório, mas não basta. É preciso, primeiro, trabalhar com todos os professores da rede municipal, fazer atividades com os professores da rede municipal, para que possam introduzir nas escolas esse debate, fazer uma redação sobre o trânsito no seu bairro, por exemplo na Vila Tronco. Estou falando da expansão, da ampliação da Moab Caldas e da Cruzeiro do Sul. Mas vejam só o que está acontecendo lá: há, na principal curva - está exposta uma foto ali no meu gabinete para todo o mundo ver - da Cruzeiro do Sul, um buraco há 14 dias! Há 14 dias! Então, não é possível ter uma cidade regrada se as coisas não são feitas.

Nós estamos vendo, a cada dia, automóveis estacionados nos dois lados de ruas de grande circulação: Bento Martins, Duque de Caxias, Demétrio Ribeiro e outras tantas. Como nós podemos ter paz no trânsito se, a cada dia, aumentam os acidentes de trânsito? Dias atrás, a EPTC informou que houve, do meio-dia às 18h ou às 20h - não me lembro exatamente -, 18 acidentes. No outro dia, 27 acidentes; no outro dia, 44 acidentes! Eu estou contando, eu estou vendo, estou acompanhando o que a EPTC diz. E aí, contraditoriamente, no twitter da Prefeitura diz: “Baixaram os números de acidentes em Porto Alegre”. E vou dizer: não é verdade, é mentira, é falsificação; os atropelamentos em Porto Alegre têm aumentado a cada dia, porque nós temos uma selvageria no trânsito de Porto Alegre!

Eu quero um trânsito seguro, eu quero que as leis sejam aplicadas, eu não defendo pessoas que não fazem a coisa certa e que se queixam da multa! O “azulzinho”, não basta ficar escondido e multar; o “azulzinho” tem de se mostrar, ele tem de aparecer, ele tem de falar, tem de apitar, fazer o sujeito estacionar e receber a devida orientação.

Amanhã, pela manhã, minhas senhoras e senhores, eu estarei na EPTC não para brigar, não para desfazer do trabalho, mas para ajudar, porque aqui está um Vereador que ama Porto Alegre e que quer uma Porto Alegre melhor, meu caro Líder do Governo, Ver. João Antonio Dib. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Dr. Raul Torelly está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DR. RAUL TORELLY: Bom-dia a todos; Ver. DJ Cassiá, Presidente dos nossos trabalhos; Vereadores, Vereadoras; todos os que nos assistem. Eu queria iniciar dizendo que o meu mandato nesta Casa vem se constituindo, principalmente, nas lutas pela Saúde. Não poderia ser diferente, uma vez que eu tenho mais de trinta anos de trabalho na Saúde pública da nossa Cidade, atendendo a comunidades pobres, e já estou aqui - como Suplente; depois, como titular - há seis anos. E eu tenho me envolvido fortemente nas lutas da Saúde, tentando ajudar a melhorar a nossa Saúde pública. Algumas coisas têm tido sucesso.

Nós sabemos que, para a Saúde, o cobertor é curto, e sempre precisaremos lutar, nunca vamos terminar essa luta, mas eu queria mencionar, por exemplo, o nosso envolvimento na Comissão que fez com que a Restinga pudesse ter, junto ao Hospital Moinhos de Vento, junto aos entes públicos, a construção do seu hospital, uma luta de mais de trinta anos. Acompanhamos, participamos da assinatura das obras, estivemos junto com o Ministro lá.

Agora, mais recentemente, nós também estamos visualizando na Cidade uma das nossas lutas, que já tem cerca de quatro anos, da qual eu fui protagonista aqui, na Câmara de Vereadores, que é a instalação das nossas UPAs em Porto Alegre - Unidades de Pronto Atendimento 24 horas.

Eu acredito que, nos últimos 20 anos, nós praticamente só fechamos hospitais e leitos na cidade de Porto Alegre. Sabemos que precisamos avançar com a criação de novos leitos hospitalares - está em torno de mil leitos a defasagem -, e precisamos enfrentar a questão das nossas emergências e suas superlotações.

E as UPAs são de porte grande para fazerem justamente o atendimento às urgências, às emergências e o atendimento geral à população, sendo que cada uma delas será para atender a uma comunidade de 200 a 300 mil pessoas. Ou seja, não é um equipamento de saúde para atender a apenas um bairro na Cidade, nem a uma localidade, mas para uma grande região da Cidade que estará sendo atendida por esses equipamentos.

Podemos dizer, hoje, que Porto Alegre, historicamente, tem contado com quatro grandes pronto atendimentos tipo UPA, que são o da Lomba do Pinheiro, o da Restinga, o da Bom Jesus e o do Postão da Cruzeiro.

Nós, há quatro anos, quando começamos a nos envolver, a tentar trazer o projeto nacional para o Estado, tivemos um sem-número de reuniões com a comunidade, com a Secretaria de Estado, com a Secretaria do Município e com o próprio Ministro da Saúde, Ministro Temporão, mostrando-lhe a necessidade da comunidade, que nos solicitava, a todo o momento, a instalação desses equipamentos.

Então, no dia de ontem, eu tive a oportunidade de fazer uma fiscalização, de sair vistoriando os locais nos quais serão instaladas as UPAs, e, conforme previsão da nossa Prefeitura Municipal, já teremos duas UPAs, ainda este ano. A primeira, a UPA da Zona Norte, situada junto ao terminal Triângulo da Assis Brasil, está em fase de obra; já está na terraplenagem, a obra realmente está começando a acontecer, e isso já se materializa visualmente com clareza, ou seja, essa luta de tantos anos começa a fazer parte da dinâmica da Cidade. Na realidade, esses equipamentos são modulados, fazem parte de um projeto pré-pronto, vamos dizer assim, então a obra deverá estar concluída nos próximos três ou quatro meses. E os beneficiados serão aqueles que vêm de Cachoeirinha, Alvorada, todo o lado do Sarandi, Eixo da Baltazar, regiões Norte e Nordeste, enfim, uma comunidade superpopulosa, e isso fará com que diminuamos, pelo menos parcialmente, a sobrecarga das Emergências dos Hospitais Nossa Senhora da Conceição e Cristo Redentor, daquela região e de toda a Cidade.

Queremos dizer, também, que os terrenos que visitamos, que são para as outras UPAs, parecem ser bastante adequados. Um fica ali na Região Centro, próximo à Azenha, Partenon, uma UPA mais central; e o outro na região da Rua João Inácio, esquina com a Av. Farrapos, um terreno amplo que atenderá aos bairros Navegantes, Humaitá, à região mais central do 4º Distrito, às Ilhas, enfim, também uma comunidade muito grande e que aguarda ansiosamente a instalação desses equipamentos.

Então, também é importante a gente dizer que isso vai fazer com que a Cidade modifique um pouco os seus fluxos na área da Urgência e Emergência, porque hoje chega um determinado horário, e as pessoas que dependem exclusivamente do SUS são obrigadas a se dirigir aos hospitais, porque os postos de saúde, após as 17h, 18h, se tornam insuficientes para o atendimento da demanda.

Essas UPAs terão equipamentos de eletro, de exames laboratoriais, vamos ter seis médicos de plantão, 24 horas por dia - não tem sábado, não tem domingo, não tem feriado -, serão ligadas ao SAMU e contarão com leitos de recuperação, de 13 a 20 leitos em cada uma. Isso será uma dinâmica nova na Cidade, que vai qualificar, com certeza, a nossa Saúde pública, que precisa tanto de remédio, e, com certeza, a UPA é um remédio importante que vai salvar milhares de vidas, milhares de pessoas vão ser beneficiadas nesse processo.

Então, eu queria registrar ainda a minha concordância em relação à Islândia, li no jornal há pouco, que está fazendo, agora, com que o cigarro seja vendido apenas em farmácias e para pessoas maiores de 20 anos. Nós, aqui, nesta Casa, não passamos, no ano passado, nenhum projeto para ampliar a proibição do fumo em recintos coletivos fechados, sejam públicos ou privados. Esperamos enfrentar novamente essa matéria e ter esse Projeto aprovado. Obrigado, e saúde para todos.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): A Verª Maria Celeste está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Ver. DJ Cassiá; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, eu me senti muito estimulada pela proposta do Ver. Toni Proença, porque nos incomoda, e muito, Ver. Pedro Ruas, a situação em que várias famílias e várias comunidades de Porto Alegre vivem, de uma miséria absoluta.

Por outro lado, o Governo Federal fez um lançamento, e também o Governo do Estado, na semana passada, de um programa nacional e estadual para dar conta exatamente desse enfrentamento que nós precisamos fazer para erradicar a miséria absoluta do nosso País.

Também me incomoda muito quando se tem possibilidade de projetos tão importantes, tão significativos, com rubricas, com recursos orçamentários previstos, e os gestores acabam perdendo a possibilidade de aplicação desses recursos.

Acho que, se nós estivermos juntos na proposta desse Comitê, poderá, verdadeiramente, ser efetivada uma nova conduta na cidade de Porto Alegre, especialmente porque nós estamos tratando com um tema muito caro, que é a vida das pessoas: crianças, adolescentes e, especialmente, idosos, que são os que têm a maior vulnerabilidade social na nossa Cidade.

Ontem, a Presidente Dilma sancionou uma lei que já deveria estar sendo aplicada na prática, Ver. Pujol - hoje pela manhã, na rádio, falávamos desse tema -, a Lei do SUAS - Sistema Único da Assistência Social -, que muito poderá contribuir na efetivação desse combate à miséria como um todo no País, especialmente na cidade de Porto Alegre. Com a criação dos Centros de Referência da Assistência Social - e Porto Alegre terá dez -, esse controle e essa interlocução com as famílias em situação de vulnerabilidade na Cidade será um fato cotidiano, será diário e, portanto, mais efetivo. É isso que nós esperamos. Quando se percebe que no Brasil nós ainda temos 800 mil famílias fora o Programa Bolsa Família, um projeto simples, um projeto emergencial, que temos que buscar essas famílias, eu me pergunto: quantas famílias, em Porto Alegre, poderiam ter acesso ao Bolsa Família e não têm porque não sabem ou porque não são procuradas pelo Programa, que deveria dar conta? Se temos o recurso, e o Governo Federal está dizendo que há, o Governo do Estadual lançou um programa estadual de combate à da miséria, com a participação, inclusive, da Prefeitura Municipal, nós temos que ter a capacidade de, juntos, propor saídas para essas famílias.

Ver. Toni Proença, a Câmara Municipal faz o seu papel, tem cumprido de uma forma brilhante, diria assim, a fiscalização, com visitas rotineiras às comunidades, com reuniões nas comissões temáticas, chamando o Governo, porque quem executa a política pública no Município é a Prefeitura Municipal, não são os Vereadores; mas, mesmo assim, o que a gente percebe, efetivamente, é que dez, quinze dias depois, retornando às comunidades, a situação continua a mesma: a miséria, a fome, a falta do esgoto, a falta da água, a falta da escola, a falta da creche.

Então, acho que o texto que o Ver. Toni Proença ontem escreveu, com muita propriedade, no Jornal do Comércio, com dados tirados do próprio órgão da Prefeitura, em uma pesquisa do ObservaPOA - como ele nos dizia ali -, nos choca e nos mobiliza. Não é mais possível nós, Vereadores da cidade de Porto Alegre, convivermos com essa inércia, essa falta de proposição para, efetivamente, resolver problemas históricos em Porto Alegre: da miséria, do abandono, da falta da política pública efetiva na vida das pessoas.

Portanto, eu estou muito desafiada - pode contar comigo, Ver. Toni Proença -, e nós, inclusive, já marcamos a data e queremos convidar todos os Vereadores e Vereadoras desta Casa para, na próxima quarta-feira, às 17h, realizar uma reunião com os Vereadores, estabelecer a proposta de trabalho e o projeto de trabalho sobre esta questão: como a Câmara Municipal pode ser mais pró-ativa, mais protagonista, não tirando a tarefa do Executivo, mas estimulando-a, especialmente, para que, no dia a dia, a vida de muitas pessoas que estão em uma situação de miserabilidade absoluta na nossa Cidade se transforme verdadeiramente. Muito obrigada, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

(O Ver. Toni Proença assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidente, Ver. DJ Cassiá; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores; meus senhores, minhas senhoras, ouvi com muita atenção o pronunciamento do Ver. Adeli Sell e até aplaudiria parte dele. É verdade que ele iniciou mal, culpando a EPTC, porque faltou gasolina em um carro. Acho que tem que culpar é o motorista, que foi relapso, que foi descuidado, e não a empresa, mas, de qualquer forma, eu fiquei satisfeito, porque ele falou na selvageria do trânsito e na necessidade de educação.

Há dois dias, passei pela Av. Florianópolis - fazia muito tempo que eu não passava por lá -, imagino que todos os Vereadores conheçam a Av. Florianópolis, é o binário com a Av. da Azenha para a 2ª Perimetral, mas que não é usado. Passei por lá e vi uma quantidade imensa de lixo depositado naquilo que seria o passeio, nos fundos do cemitério. Eu acho que, quando nós dizemos que a Cidade é suja, não foi o Diretor da Limpeza Urbana que foi lá fazer aquele depósito de lixo, não foi o Prefeito, não foi o Secretário, não foi um Vereador, foi a falta de educação do povo que nós teríamos que incentivar para manter a Cidade limpa, que nós teríamos que incentivar para cuidar, no trânsito, de nós mesmos e dos outros, porque, no fim das contas, os acidentes atingem pessoas que nada tinham a ver com eles, que dirigem com cuidado, mas que são atingidas por motoristas malucos, por motociclistas que não têm cuidado maior. Então, precisa-se, realmente, dessa educação. E acho que seria uma boa mesmo começar a educação para o trânsito dentro das escolas pelos professores, e não pelos alunos; os professores, então, transmitiriam para os alunos, e os alunos transmitiriam para seus pais.

Uma coisa me entristece quando se fala em Fome Zero. Eu acho que o que nós precisamos é de trabalho. Eu li o artigo, ontem, do Ver. Toni Proença, e o aplaudi quando ele falou que o povo brasileiro precisa é de trabalho, mas, no mesmo dia de ontem, eu fiquei triste ao ler nos jornais que a Assembleia Legislativa do Estado autorizou que se faça a inscrição de estrangeiros em concursos. Nós não precisamos disso. Nós temos, em cada ramo da atividade humana, os melhores do mundo. Não se iludam! Nós temos médicos, engenheiros, arquitetos, agrônomos, enfim, cientistas de toda sorte, excepcionais. Quando um brasileiro assume numa empresa estrangeira, numa multinacional, dali a pouco ele já assume o comando da empresa. Então, nós temos nomes extraordinários. O que nós precisamos é criar empregos, e não importar mão de obra.

Em 1966, eu ganhei uma bolsa de estudos para a Alemanha e vi que eles importavam mão de obra. O trabalho era remunerado com realidade: um gari ganhava 950 marcos; um engenheiro, no serviço público, ganhava 1.400 marcos iniciais. O gari manteria a vida dele com os 950 marcos e não teria condições de progredir se continuasse como gari; já o engenheiro, dentro da sua função, poderia assumir um setor, uma seção, uma divisão, poderia chegar a ser o diretor-geral da secretaria em que ele trabalhava, poderia crescer, mas o importante é que, com 950 marcos ou com 1.400 marcos, ambos poderiam viver com dignidade. E a Alemanha importava mão de obra, via-se gente de vários países, especialmente portugueses, africanos e alguns espanhóis que lá estavam trabalhando em serviços mais comuns.

Então, o que nós precisamos é de trabalho, e o trabalho vai valorizar o próprio trabalho, porque mão de obra ociosa faz com que o trabalho seja remunerado de forma... Bom, nós temos salário mínimo de R$ 545,00 para sustentar, segundo a Constituição, uma família com quatro pessoas, com casa, comida e roupa lavada - e férias na praia, tem mais isso ainda. É o que está escrito na Constituição, não fui eu que escrevi.

Agora, se todos tivessem trabalho, e não Bolsa Família e não esses recursos infames que são dados por aí, nós teríamos o trabalho valorizado. Quando o trabalho é valorizado, e há trabalho para todo o mundo, nós temos muito mais consumidores. Se nós temos mais consumidores, nós podemos arrecadar mais impostos sem fazer novas alíquotas, sem criar novos impostos, apenas pelos consumidores que passam a ser capazes de gastar no mercado, e o mercado forte eleva a indústria forte, comércio forte.

Então, o importante mesmo é conseguir trabalho para todos os brasileiros, mas nós preferimos fazer outro tipo de política, lamentavelmente. E agora vamos importar mão de obra estrangeira, como se nós precisássemos! Não quero dizer que não seja importante. Eu estava na Escola de Engenharia, e a Faculdade de Arquitetura tinha um arquiteto, Stainoff, talvez austríaco, alemão, enfim, eu não sei, era europeu - eu não era da Faculdade de Arquitetura, a minha era Faculdade de Engenharia Civil -, era um mestre que trocava ideias, fazia palestras. Isso eu acho que é válido, mas os nossos arquitetos não ficam devendo nada para ninguém no mundo. Os arquitetos brasileiros não devem para ninguém no mundo! E nós vamos agora fazer com que mão de obra estrangeira venha até o Rio Grande do Sul para tomar o lugar daqueles que não têm trabalho e que precisariam de mais trabalho.

Então, Ver. Toni Proença, que preside os trabalhos neste momento, eu li com muita atenção o seu artigo, ontem, no Jornal do Comércio, e gostei que V. Exª tenha falado que havia necessidade de trabalho para os brasileiros. Portanto, Saúde e PAZ para todos!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. DJ Cassiá está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DJ CASSIÁ: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores; imprensa, funcionários, ora, Ver. Toni Proença, o artigo de V. Exª foi escrito com muita sabedoria, não uma sabedoria por ter lido jornais ou revistas ou por ouviu uma matéria na TV; a sua sabedoria e o seu conhecimento vêm da sua frequência, permanência e andanças junto aos povos mais necessitados dentro das comunidades carentes. Por isso o senhor falou com muita propriedade sobre esse tema.

De uma certa forma, Ver. Dr. Raul, o senhor mesmo, que é um militante na área da Saúde pública, vai aonde muitos não querem e não entram, o senhor vai cuidar da vida daquelas pessoas. E o senhor, muitas vezes, aqui nesta tribuna, fala sobre a questão do planejamento familiar. O planejamento familiar, Ver. Toni Proença, também faz parte da prevenção da fome; agora também fazem parte da prevenção da fome milhões e milhões em dinheiro, Ver. Reginaldo Pujol, maldistribuídos, mal-aplicados. Vou dar um pequeno exemplo aqui, porque o que é arrecadado nesta Cidade é distribuído para o País todo e, às vezes, de uma forma equivocada: lá na Amazônia, vai ser construído um estádio de futebol para a Copa do Mundo, onde milhões e milhões e milhões de reais vão ser aplicados. Esses milhões vão ser para três ou quatro jogos de futebol só. Como aquela região não tem tradição no esporte profissional, o que vai acontecer com esse estádio de futebol? Vai ser um elefante branco! E esse dinheiro, Ver. Reginaldo Pujol, poderia, muito bem, ser aplicado contra a fome, na Saúde, na Educação! Aí eu lhe pergunto, Ver. João Antonio Dib - nosso professor, nosso sábio aqui nesta escola, que é a minha escola: será que é difícil enxergar e saber onde, realmente, Ver. Toni Proença, há necessidade de aplicar recurso público? Ora, eu falei do estádio de futebol. Eu estou preocupado porque também pago impostos, e muito, e não sei para onde vai o meu dinheiro! Ou melhor, às vezes eu sei para onde vai, Ver. Pedro Ruas, às vezes não; com muita frequência, ele vai para a corrupção.

Neste País, infelizmente, Ver. Pedro Ruas, os Partidos políticos acabaram. Hoje é o homem, hoje é a mulher, hoje é a pessoa! Não dá mais para acreditar, infelizmente. O meu pai contava que se fazia política em cima de um morrinho: era ali que o político subia e reunia multidões. Hoje, infelizmente, os políticos estão desacreditados pela sociedade, e não é por acaso, e, evidentemente, não são todos, é uma minoria. É uma minoria de políticos que mancham, estragam a imagem da grande maioria, composta ainda pelos sérios, muito sérios.

Estou nesta Casa há três anos e meio. Hoje estamos ao vivo pela TVCâmara, não é? Acredito que sim; se não estivermos ao vivo, vai ser reprisado logo em seguida. A sociedade acha que, em julho, estamos em férias, mas nós não estamos, estamos aqui trabalhando. Existe uma comissão permanente de Vereadores e Vereadoras desta Casa, a Comissão Representativa, que continua trabalhando. Os Vereadores que não estão aqui estão trabalhando, sim, Ver. Toni Proença, cada um na sua comunidade, no seu segmento, e a Casa está aqui, Ver. Reginaldo Pujol, funcionando. Estão aqui os nossos servidores, desde cedo, trabalhando e atendendo a nossa sociedade de Porto Alegre. Então, nesta Casa, ainda existem políticos sérios, sim, senhor, e eu sou testemunha disso, Ver. Pedro Ruas! Muito obrigado, Ver. Toni Proença.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Pedro Ruas está com a palavra em Comunicações.

 

(O Ver. DJ Cassiá reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, Ver. DJ Cassiá; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, o tema que me traz à tribuna, eu acho que diz respeito a todos nós. Todos acompanharam quando, recentemente, houve uma ação judicial contra este Vereador por parte do Sr. Carlos Crusius. Nessa ação judicial, ele me processou por difamação, não por calúnia. Calúnia é quando alguém imputa a outrem um crime não cometido, Dr. Pujol; difamação, não. Portanto, ele não me processou por calúnia, porque eu nunca menti, Ver. João Dib, e ele sabe e me processou.

Em 1º Grau, houve uma decisão favorável a mim, no sentido de que eu tenho, como qualquer Vereador, imunidade parlamentar, a inviolabilidade prevista no art. 29, inciso VIII da Constituição Federal, no que tange a opiniões, palavras e votos, dentro da circunscrição de Porto Alegre, que é onde eu falei. Em assunto relacionado com a cidade de Porto Alegre, sim, porque o tema era ética e corrupção na política do Estado, e Porto Alegre está dentro do Estado, é óbvio.

Em 2º Grau, onde houve recurso do autor, foi considerado diferente, que eu não tinha imunidade, porque o tema não tratava de Porto Alegre. Voltou para o 1º Grau para julgar o mérito. No 1º Grau, Verª Celeste, de novo, o Juiz singular entendeu que o Vereador, em temas políticos - em temas políticos - , não tem limitação de esfera, ou seja, pode ser Município, pode ser Estado, pode ser União; se o tema é político, ele não tem limitação. Terceira decisão. Aí, volta para o 2º Grau, com novo recurso, e aí, no 2º Grau, cai de novo a inviolabilidade - era a mesma turma -, e houve condenação deste Vereador à detenção de três meses, convertida em multa de três salários mínimos. Agora cabem embargos declaratórios e recurso porque é matéria constitucional ao Supremo Tribunal Federal, em que eu vou ingressar daqui a alguns dias.

Eu quero dizer rapidamente o seguinte: eu tenho convicção de que este tema interessa a todos nós, é sobre a imunidade parlamentar de um Vereador ou de uma Vereadora, DJ Cassiá, e eu prestava atenção quando o Ver. João Dib falou sobre o tema no tempo de Vossa Excelência. O Ver. João Dib fez uma crítica correta sobre Porto Alegre, na criação de empregos - não é essa a minha opinião, Ver. João Dib -, em relação ao Projeto aprovado lá na Assembleia, com relação à contratação de estrangeiros. Mas o Ver. João Dib fez essa crítica, porque isso interessa a Porto Alegre. É a opinião dele; eu até acho que é possível contratar estrangeiros, mas não interessa. A opinião do Ver. João Dib é do Ver. João Dib, e ele tem esse direito e pode fazer isso!

O Ver. DJ Cassiá, Verª Celeste, Ver. Toni Proença, falou, de forma geral, sobre corrupção na política. Poderia acontecer de um Deputado Federal, agora, dizer que foi atingido: “Acho que fui atingido pelo que disse o Ver. DJ Cassiá. Vou processá-lo”. O Ver. DJ Cassiá estava, na tribuna da Casa, falando sobre corrupção na política, no País, o que interessa a Porto Alegre, que não está fora do Planeta, muito menos do Brasil.

Pois bem, eu não quero me prolongar mais no tempo; por mais que seja condescendente a Mesa, Ver. Pujol, eu não posso ir muito além, mas eu quero ouvir Vossa Excelência. É um dever meu fazer esta prestação de contas a esta Casa, mas quero dizer, fundamentalmente, o seguinte: na segunda-feira, agora, às 15h30min, no Plenarinho - o Plenário Ana Terra -, haverá um ato de desagravo a mim em função dessa decisão, organizado por companheiros e amigos de vários Partidos, e eu queria convidar os meus colegas Vereadores que têm essa posição. Não precisam concordar com as minhas posições, mas devem convir que eu tenho direito de ter as minhas. Por exemplo, se o Ver. Reginaldo Pujol - sempre digo que divergimos há 30 anos - tem uma posição em relação a um tema que eu defendo, mesmo sendo a posição dele muito dura sobre o tema que eu defendo, ele tem todo o direito disso, e vou sempre defender esse direito. Então, haverá muitas autoridades, muitos colegas Vereadores nossos; muitos também do Interior, alguns Deputados Estaduais e Federais e outras pessoas. Será na segunda-feira, às 15h30min, Ver. DJ Cassiá, e eu ficaria muito honrado se meus colegas da Câmara Municipal pudessem estar juntos. Aliás, do Partido do Ver. Pujol, de que eu falei tanto, telefonou-me o Sr. Paulo Feijó, dizendo-me que estará no ato. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Eu havia solicitado a V. Exª, e V. Exª havia deferido que, ao final, fosse garantida a palavra. Foi cumprida toda a ordem ou não?

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Toda a ordem, e aí fechou toda a ordem. Obrigado, Ver. Reginaldo Pujol.

 

(O Ver. Toni Proença reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Bom-dia a todos e a todas. Prezados Vereadores e Vereadoras, de fato, Ver. DJ, eu me encontrava recebendo representantes da SPAM. No mês de agosto deste ano, ela fará 80 anos, e a Casa sempre registra esses momentos. Combinamos o período de Comunicações, encaminhado pela Mesa, mas principalmente um café da manhã, porque a Casa precisa reconhecer o espaço, que atende 120 idosos, e ela tem um convênio que mantém apenas 9% do custo de manutenção da SPAM, um convênio com a FASC. Todo o restante é uma luta mensal para arrecadar e um trabalho estratégico para a nossa Cidade.

Eu queria, Ver. Toni Proença, nesta minha fala, reportar-me aos dois dias e meio de seminário que tivemos sobre a Acessibilidade na Cidade, o “Cidade Acessiva, Cidade de Todos”, organizado a partir do GT da CUTHAB e a partir do debate do Plano Diretor de Acessibilidade. Tivemos representantes do Estado do Rio de Janeiro, da PUC, do Rio Grande do Norte, trazendo os esforços que o Brasil faz no sentido de construir uma outra cultura das cidades. Não que pensem em pequenos nichos de acessibilidade, mas que a Cidade tenha, de fato, um desenho universal.

O que é o desenho universal? É que todos os espaços e políticas já sejam pensados para que todos, na sua diferença, possam ocupá-los, e não com enjambrações, adaptações. Essa mudança é uma mudança radical, e dou um exemplo dela na Cultura, onde tivemos um painel de inclusão e participação cultural, com uma apresentação da dançarina Michaela, que tem apenas uma perna; e da Jolly, que veio da Inglaterra, inclusive cadeirante, junto com a Carla Vendramin, uma dançarina reconhecida do Estado do Rio Grande do Sul. Além da dança, o depoimento delas é de que, no Rio Grande do Norte, há companhias de dança inclusiva, e são profissionais, as pessoas vão assistir à dança contemporânea com pessoas com deficiência dançando, e ninguém vai assistir porque é exótico, porque é diferente, porque é inusitado. Vão assistir, porque são profissionais se apresentando, e nós, aqui no Rio Grande do Sul, que nos vangloriamos de tantas façanhas, cantamos “que sirvam de modelo a toda terra”, nós temos, no máximo, Ver. Toni Proença, nas escolas, alguma dança ou acesso à cultura para as pessoas com deficiência. Essas pessoas com deficiência ainda estão segregadas no atendimento da Educação e lutando para ir para a Saúde, para se deslocar na Cidade. Nós estamos muito aquém de experiências que há no mundo e no Brasil.

Quanto ao tema das calçadas, é um tema gravíssimo. O depoimento dos técnicos, arquitetos da PUC e alunos, sobre o diagnóstico que a PUC fez sobre as calçadas e a mobilidade urbana na cidade de Porto Alegre é dramático. O Ver. Pedro Ruas e a Verª Fernanda têm um Projeto de Lei sobre o tema. Ontem, nós fizemos uma andança, a partir do Seminário, e o que a gente vê é que não é só um problema do proprietário privado que as calçadas são uma colcha de retalhos, porque cada um tem que dar conta; é pior do que isso; a intervenção pública, a intervenção urbana pública é um desastre.

Nós visualizamos, Ver. Pedro Ruas, rampas de acesso à calçada: onde terminou a rampa, a gente se encontra com um hidrante e com um poste de sinalização de rua na frente da rampa! Então, a intervenção das políticas públicas na cidade de Porto Alegre é fragmentada, não tem uma orientação. Quando o DMAE coloca um hidrante, ou quando a EPTC coloca um poste, se houve um esforço de fazer a acessibilidade, isso vai por água abaixo; se houve, onde tem.

Então, a situação é muito séria. Sairá uma carta, é uma carta em construção, nós teremos novas atividades, combinamos, hoje, com a Federação da Terceira Idade, de fazer uma andança com idosos no dia 12. Quero convidar todos os Vereadores para isso, porque acho que esse reconhecimento, esse envolvimento, olhando a Cidade de perto é que nos dá mais condições, Ver. Toni, de fazer proposições concretas, de entender onde nós temos que incidir para que as políticas públicas se ajustem.

Então, acho que esse semestre fechou com uma qualidade muito diferenciada ao instalar o Seminário de Acessibilidade. Estão de parabéns a CUTHAB e inclusive todas as entidades que se envolveram, porque não é uma ação de Vereadores; são entidades, associações e os próprios cadeirantes, as próprias pessoas com deficiência. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Mauro Pinheiro está com a palavra em Comunicações.

 

(A Verª Sofia Cavedon assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. MAURO PINHEIRO: Presidente Sofia; demais Vereadores; público que nos assiste das galerias; público que nos assiste pelo Canal 16, venho aqui aproveitar, Ver. DJ Cassiá, como o meu tempo foi curto, para apresentar o meu voto em separado, para dar continuidade aqui, com todo o respeito aos Vereadores. Eu divido o meu voto na CPI do ProJovem em três partes, nas três gestões dos três Secretários, a do Secretário Mauro Zacher, a da Secretária Juliana Brizola e a do Secretário Alexandre Rambo. Como a gestão do Secretário Mauro Zacher já foi amplamente debatida, inclusive já há nove pessoas indiciadas, Ver. Pedro Ruas, eu vou me ater mais às outras duas partes.

Na gestão da Secretária Juliana Brizola, hoje Deputada, o problema maior que nós encontramos foi o pagamento indevido de recursos públicos sem uma pactuação preexistente, em que a própria Secretária também pergunta à Prefeitura de Porto Alegre, Ver. Dr. Raul, por que não uma licitação para contratação. Mas o grande problema que a gente vê é que ela faz um pagamento sem essa pactuação, sem um contrato com a Fulbra, antecipando em torno de R$ 250 mil - então, esse é um fato relevante que eu acho que deve ter um estudo mais aprofundado -; e a dispensa indevida da Fulbra, com a qual, durante o seu mandato, ela fez todas as tratativas, e, depois, esse contrato é assinado na gestão com Sr. Alexandre Rambo.

Já, durante a gestão do Secretário Alexandre Rambo, que é uma gestão de um período maior, nós temos mais evidências de problemas. Um deles é a própria dispensa de licitação da Fulbra; ele assina o contrato que iniciou as tratativas durante a gestão da Deputada Juliana Brizola. Outro problema é a dispensa indevida de licitação da DS Equipamentos e Sonorização - e tivemos a presença do Sr. Douglas, que contou como aconteceram os fatos e que ele, inclusive, havia participado de uma reunião; mostrou que o Sr. Alexandre Rambo, Secretário, participou dessa reunião que foi contratada e que o próprio Sr. Douglas devolveu R$ 45 mil dos R$ 54 mil.

Mas o pior de tudo é a contratação sem licitação. Até fica difícil dizer o que é pior e o que é melhor, mas há fortes indícios de irregularidades. Primeiro, a contratação sem licitação e, depois, a devolução para o Sr. Douglas, que também comete um crime porque participou de todo esse processo.

Ainda temos o convênio assinado com a Amavtron, no período de Alexandre Rambo, que assina um convênio de R$ 338 mil com a Associação, para que seja executado o projeto dos quilombos em oito locais diferentes. A nossa pergunta é sobre a facilidade de a Prefeitura aceitar que a Secretaria Municipal repasse uma verba desse montante a uma associação de moradores para executar um projeto desse tamanho.

E ainda, durante o processo desse convênio, a empresa Flores & Camargo comete mais de um crime: primeiro, a dona da empresa veio a esta Casa e disse que ela era laranja, assumiu dizendo que quem tocava a empresa era o seu pai, e, como ele tinha duas empresas, uma estava no seu nome. Isso também é um crime por parte dessa empresa. Sobre a questão das notas fiscais, nem ela nem seu pai conseguiram trazer as notas de compra dos materiais que foram vendidos para a Amavtron para a execução do projeto.

Além de tudo isso, o Sr. André Fortes, executor do projeto, o coordenador do projeto, dentro da Amavtron, recebe, compra, indica o material que é comprado e depois assina a nota.

Concluindo, temos diversos indícios que nós colocamos no nosso voto separado, como um outro Relatório a ser anexado ao Relatório do Ver. Pujol; uma outra visão daquilo que nós enxergamos durante esses seis meses de processo da CPI. Pedimos à Presidência que encaminhe junto, já entregamos uma cópia na Polícia Federal, no Ministério Público Federal; vamos entregar na Secretaria Estadual, no Ministério Público Estadual também, para que seja averiguada essa questão das notas. Nos próximos dias, continuaremos, desta tribuna, explicando os nossos encaminhamentos. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, eu havia solicitado anteriormente que me fosse possibilitado inverter a ordem de pronunciamento, porque aguardava a chegada de alguns documentos que eu havia solicitado, que lastreariam, como efetivamente lastrearão, o meu pronunciamento.

Antes, porém, me permito usar um pouco do meu tempo para saudar a Associação dos Moradores do Parque Santa Anita e a Associação dos Moradores do Passo das Pedras, que, respectivamente, no final da semana que passou e no próximo final de semana, festejaram e festejarão seus 30 e 48 anos de atividades fecundas em favor da comunidade. Por que cito isso no meu pronunciamento? É porque o meu pronunciamento, efetivamente, se dirige a uma necessidade, Ver. João Dib, de recuperarmos o tempo perdido. Os pronunciamentos que ocorreram nesta Casa, no dia de hoje, são todos nesse sentido. Nós perdemos 30 anos, Vereador, querido amigo Raul Torelly. Trinta anos se perderam aqui em Porto Alegre com discussões, com inconsequências que geraram os problemas que hoje nós estamos tentando recuperar.

Quero saudar, como uma das maiores demonstrações de reconhecimento dessa situação, a restauração do complexo do Túnel da Conceição, cuja primeira etapa foi entregue pelo Prefeito Fortunati no último fim de semana e que representa, 40 anos depois, a primeira intervenção feita, Ver. Dib, nessa que é, indiscutivelmente, se não a maior, uma das maiores obras que a Administração Municipal fez. Aliás, naquele período, se dizia que se gastava demais em investimentos nessa área, Ver. Dib - V. Exª se lembra das críticas recebidas? E hoje o que se reclama é que se passaram 30 anos sem que houvesse investimentos nessa área. Essa é uma homenagem que eu faço, inclusive, ao Prefeito Telmo Thompson Flores e ao Prefeito Guilherme Socias Villela, que muito investiram nesta Cidade. Aliás, as últimas obras viárias efetivas, todas elas foram iniciadas, ou concluídas, ou planejadas pela Administração Guilherme Socias Villela.

Mas eu fui atropelado, no caminho, por dois fatos. Primeiro, pelo pronunciamento da Verª Maria Celeste; segundo, pelo pronunciamento do meu querido amigo Ver. Pedro Ruas, a quem eu vou estar solidário na próxima segunda-feira - ao longo do meu discurso, V. Exª vai observar que eu tenho alguma dificuldade -, e, finalmente, pelo pronunciamento do Ver. Mauro, realizado há pouco.

Relativamente ao pronunciamento da Verª Maria Celeste, eu faço questão de ressaltar que a estruturação do sistema de Assistência Social de Porto Alegre está sendo modelarmente realizada pelo atual titular da FASC, o Ver. Kevin Krieger, que esteve aqui conosco, democraticamente discutindo. E é claro que é um sistema que ainda não se aperfeiçoou nacionalmente, porque, só nesta semana, foi aprovada a Lei que coloca definitivamente em condição de realização o sistema que, reconhecidamente, teve deficiências na sua formação, tanto que gerou a modificação proposta pelo Governo, que agora a legislação contempla.

De outro ponto, eu quero me solidarizar com aqueles que entendem que todo esse estardalhaço que se faz com o Bolsa Família, que contempla com R$ 90,00 os nossos pobres, os nossos miseráveis, que essa tentativa de querer colocar como limite de miserabilidade R$ 70,00, que é o que tenta fazer o Governo, perde sentido, Ver. DJ Cassiá, com a realidade que vive este País, porque, enquanto se fala em R$ 90,00, com estardalhaço, para a população miserável - essa é a expressão que usa o Governo -, enquanto se fala isso, o Governo está em vias - me parece que até por situações externas não o fará - de colocar 4 bilhões de reais em função de uma multinacional, o famoso Carrefour, com o Pão de Açúcar, numa tentativa de ser player no mercado internacional. Quatro bilhões de reais! Isso poderia ser usado no País em investimento para criar empregos. Outras pessoas não iriam receber R$ 90,00 no fim do mês, iriam receber um salário!

Eu quero até, Vereadora-Presidente, informar que estou requerendo à Casa que me declare em representação, porque, às minhas expensas, com o meu recurso, quero acompanhar uma comissão de Parlamentares, que vai visitar vários países da América do Sul, em que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social financia obras e emprega gente na Bolívia, no Panamá e em vários países da América do Sul, em detrimento de financiar, Ver. Pedro Ruas, internamente, as obras que nós precisamos e de gerar emprego aqui neste País, o que tornaria desnecessário o Bolsa Família. Todos dizem que o Bolsa Família é uma emergência! Só pode ser dito isso. Nós não podemos condenar a Nação brasileira a viver com R$ 90,00 a vida inteira, mas essa emergência já vai longe demais, porque o Bolsa Família é a sucessão do Bolsa Escola, começado pelo Paulo Renato de Souza, no tempo do Governo do Fernando Henrique Cardoso. Já faz mais de dez anos que isso acontece. A emergência está virando uma continuidade.

Finalmente, Vereadora - e eu estou gozando do seu espírito democrático, porque todos hoje aqui gozaram de uma certa liberalidade -, eu quero dizer ao Ver. Mauro Pinheiro que nós não temos a menor dificuldade em prolongar um debate, que eu acho que seria inconsequente, mas, em homenagem a ele, eu digo que acho que o Vereador fez um Relatório, que apresentou como Declaração de Voto, que é um relatório político, e eu respeito as posições políticas dele. Eu fiz um Relatório técnico, porque me baseei, inclusive, em alguns conhecimentos jurídicos e em algumas coisas que eu fui estudar, Ver. Dib, porque ninguém sabe de tudo; as pessoas, a todo o momento, têm de aprender. E eu ouvi e li de vários tratadistas expressões como esta que vou apresentar, que têm a lavra exatamente de um grande jurista brasileiro: Ovídio Rocha Barros Sandoval, em obra que tem a apresentação e prefácio de Saulo Ramos (Lê.): “Dizeres sobre CPI: Não é possível ao Relatório tomar a natureza, em suas conclusões, de peças semelhantes às sentenças judiciais ou de uma denúncia, que são seus atos privativos do Poder Judiciário e do Ministério Público. [Repete-se] Comissão de Inquérito não julga, apenas investiga. E, por via de consequência, o Relatório deve conter apenas um resultado das investigações e deliberações realizadas nos trabalhos da Comissão”.

Eu tenho tranquilidade no Relatório técnico que eu apresentei. Os três assuntos que geraram a Comissão foram devidamente enfrentados. O resto, considerações de assuntos que refugiam o objetivo da CPI, não me cabia fazer. Eu, tecnicamente, responsavelmente, adequadamente, não o fiz.

Discurso político, eu farei no momento oportuno. Se precisar, daqui para diante, estou liberado da responsabilidade. Falarei sobre esses fatos politicamente. E muitos ouvidos não gostarão de ouvir o que eu irei dizer no momento oportuno.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Pergunto se algum Vereador ou Vereadora quer se manifestar.

Não havendo quem queira usar a palavra, eu encerro esta Sessão Representativa, agradecendo a presença de todos e todas, registrando a presença do Ver. Sebastião Melo, também, que não havia sido ainda registrada.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Reunião às 11h07min.)

 

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